Salários atrasados, falta de medicamentos e estrutura inadequada. Essa é a realidade dos médicos que trabalham nos hospitais estaduais do Maranhão que são geridos pela Empresa Maranhense de Serviços Hospitalares (EMSERH), uma subsidiária do Governo do Estado, que por sua vez contrata outra empresa para prestar serviços a fim de que o governo não crie vínculo empregatício com os profissionais da saúde.

A denúncia chegou à redação do Blog do Carlinhos por meio de médicos que trabalham nos municípios de Peritoró, Coroatá, Timbiras, Caxias, Timon, Colinas e Presidente Dutra. 

Eles pediram para não serem identificados por temerem perseguição no trabalho e até demissões sumárias ordenada pela secretaria de Estado da Saúde. Os Hospitais da rede estadual estão sucateados e a situação é absurda a ponto de alguns profissionais serem proibidos de se alimentarem nas unidades para economizar gastos.


Segundo um médico, o Governador mantinha a prática de atrasar os salários em mais de dois meses, e os profissionais não são informados de nenhuma previsão para o recebimento do dinheiro.

Ele relatou que o Estado pagou até maio, mas que houve um interrompimento desde então. Com a chegada do mês de setembro, já serão quatro meses que médicos trabalham sem receber nada. A situação está ficando insustentável e os profissionais acusam o Estado de jogar a culpa em empresas para se livrar da responsabilidade dos pagamentos.

"Quem nos paga é a EMSERH, mas existe uma coisa muito errada: o Estado não quer criar vínculo empregatício conosco, então, para tirar o corpo fora, eles contrataram uma empresa terceirizada, no caso a EMSERH, que por sua vez passou a tarefa para outra empresa médica que nos faz o pagamento. Então veja bem quantos atravessadores existem nessa situação. Por muito tempo ficaram jogando culpa na EMSERH e na empresa que nos paga, sendo que na verdade é o Estado que repassa para eles e é também o verdadeiro responsável pelos atrasos.", disse um médico que não quis se identificar. 


"Nós sabemos que existe uma máfia nisso tudo, sempre soubemos. É algo que existe desde a época da Roseana Sarney. Se houvesse uma fiscalização séria, iam descobrir muita coisa, pois com certeza existe uma lavagem de dinheiro nisso tudo, já que há muitos atravessadores até chegar em nós.", continuou. 

Outra denúncia grave se refere à falta de estrutura e condições adequadas no local de trabalho. "Nos hospitais macrorregionais, vários profissionais não podem mais se alimentar, estão fazendo economia de tudo, até da energia. Não preciso nem te falar o quanto que está faltando. Quando começamos a tratar um paciente com antibiótico, logo acaba e o paciente que poderia passar quatro dias no Hospital acaba ficando dez." Afirmou um médico que também não quis se identificar.

Em alguns hospitais da região, falta material para as especialidades de ortopedia e cirurgia. Vários pacientes não podem ser operados e passam dias na unidade por falta de recursos. 

Além dos atrasos salariais, os médicos relatam a angústia de terem de trabalhar com a falta de atenção da Secretaria de Estado da Saúde para a estrutura física dos hospitais macrorregionais, e também afirmam se sentirem ameaçados de serem retirados dos Hospitais com o pretexto de corte de gastos. "Para você ter uma ideia, nós da equipe, incluindo a diretora, o diretor, os médicos e o pessoal da parte administrativa nos juntamos para reformar uma área clínica do hospital, com dinheiro do nosso bolso, pintamos e ajeitamos tudo lá, porque estava caindo aos pedaços".

Devido a situação, houve oportunidades em que o estado tentou municipalizar algumas unidades de saúde, afim de escapar das despesas. "O que se fala nos bastidores é que o estado está quebrado e não tem condições de manter a rede de saúde. Tanto que tentaram jogar o Hospital de Peritoró para o município, mas o prefeito de lá não aceitou. Depois tentaram jogar para o Presidente da FAMEM, Erlânio Xavier, ele também não quis. Estão tentando municipalizar também a UPA de Coroatá. Cada vez mais o negócio vai afundando.", relatou uma médica.


Os profissionais da saúde já tentaram chamar atenção para as péssimas condições de trabalho, porém, sem resultados. O medo de retaliações do Estado também os leva a não fazerem reclamações diretas, dessa forma, eles recorrem à denúncias anônimas.

"É um caos no estado todo, mas todos tem medo de falar porque sabem que se fizerem greve ou baterem de frente serão demitidos. Nós conversamos com o Murad, Presidente do Conselho Regional de Medicina do Maranhão (CRM-MA) e ele não faz nada, não se manifesta. Nosso sindicato também não se move e acabamos não tendo representatividade".

"A insatisfação é geral. Esse é um governo que nós tememos falar algo contra. Desde quando o Flávio Dino entrou ele não nos paga em dia, só que agora a situação está ficando insustentável, porque nós sempre recebíamos o pagamento certo por uns dois meses, mas agora passamos pelo terceiro mês de atraso, estamos indo para o quarto e não nos dão nenhum tipo de explicação".

Os hospitais com pagamentos atrasados são todos geridos pela Emserh: a UPA e o Macrorregional de Coroatá, Hospital Geral de Alto Alegre do Maranhão, Hospital Geral de Timbiras, Socorrão de Presidente Dutra, Macrorregional de Caxias e o Hospital Geral de Peritoró. Já os hospitais geridos pela Invisa e Aqua estão fornecendo o pagamento em dia.
Fonte: Blog do Carlinhos




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